Por Arthur Tirone
Esta sexta, a partir das 22h, o octogenário Clube Anhangüera será palco de uma das noites mais importantes para o samba paulistano neste ano de 2011 que já vai se despedindo. Após ter se apresentado com Monarco, Nelson Sargento e Wilson Moreira – entre outros -, o notável cantor Tuco e seu enfezado Batalhão de Sambistas encerram o ano de maneira gloriosa recebendo ninguém menos que Elton Medeiros.
Eis uma tarefa inglória: falar resumidamente sobre Elton Medeiros. Por ostentar uma biografia das mais impressionantes da música brasileira, atrevo-me, com a devida licença dos iniciados, a achar que nada é preciso dizer.
Que falar de um compositor que faz músicas sobre o sentimento humano como Sofreguidão (com Cartola), A Ponte (com P.C. Pinheiro) e Pra fugir da saudade (com Paulinho da Viola)? Ou músicas engajadas politicamente, tal qual A maioria sem nenhum (com Mauro Duarte)?
E os antológicos sucessos Onde a dor não tem razão (com Paulinho da Viola), Pressentimento (com Hermínio Bello de Carvalho) e O Sol Nascerá (com Cartola)? Pra quem não sabe Elton Medeiros chegou a fazer um sambaço chamado Samba Original (com Zé Kéti), que fala de – pasmem – nada. Um samba que não fala de absolutamente nada, só um gênio é capaz.
E o que dizer de um músico que, ainda criança, tocava bateria, saxofone, trombone e batucada em geral – caixinha de fósforo incluída na conta – e já havia fundado um bloco? Que dizer de um ativista da cultura popular que participou junto de Nei Lopes, Wilson Moreira e Candeia da fundação do Grêmio Recreativo de Artes Negras Quilombo?
É difícil dizer algo sobre Elton. Escreveu espetáculo, fez parte de grupos históricos como A Voz do Morro, Os Cinco Crioulos e Rosa de ouro. Gravou e participou de vários discos e foi gravado pelos mais importantes intérpretes brasileiros. Como posso eu, por mais que me esforce, apresentar Elton Medeiros aos desavisados?
Apenas diria que é um portento; e que tem lugar cativo na alta cúpula da nossa música.
Como se vê, nada consigo dizer. Até sexta.
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